A despropósito - Fevereiro 2008
Paulo Almeida
15 / 02 / 2008
09:10
in «Ouvi dizer...», Fevereiro 2008
...e por falar nisso, nestes dias vi-me a percorrer mentalmente o meu percurso académico inacabado e largadas as aulas de geografia, deu-me para relembrar as aulas de electromagnetismo. E entre as recordações das aulas passadas, e esta sensação de haver uma maré baixa nas ideias, recuperei uma teoria velha, minha, que andava a guardar para a tese de graduação na escola da vida: A teoria das ideias.
Importa saber, como base desta teoria, que o nosso planeta se encontra envolto num campo electromagnético caracterizado por haver linhas equipotenciais. Representando visualmente este campo, temos um desenho semelhante às longitudes do nosso globo, cortado em gomos pelos meridianos que se cruzam nos pólos. A meu ver, existe uma estrutura semelhante que forma o Campo das Ideias Possíveis [baptizado Cam-Ide-Po (1999), ou PIFF(2002)]. Nesse campo, usando estas linhas equipotenciais, navegam partículas a alta velocidade, de vários tipos, tamanhos e conteúdos mas de uma só família: As ideias em potência. Estas partículas são pontuais (não têm dimensões nem massa) pelo que podem atravessar obstáculos físicos como prédios, aviões e nuvens, sem se alterarem nas suas propriedades ou rotas. No campo experimental, apenas uma observação isolada poderá contestar este axioma, já que em 2005, um pato barulhento manifestou o seu desagrado afirmando que foi, e passo a citar – “atingido em cheio nas ventas por uma ideia sem licença de navegação nem experiência”, o que o fez despenhar-se do seu vôo migratório. Apenas completar dizendo que, passados os nervos, o pato lembrou-se que talvez fosse boa ideia reunir novamente as Spice Girls.
Apesar do episódio do Pato ser um balde de água fria no que toca à não-massa das partículas, veio confirmar duas coisas: as ideias navegam de facto a alta velocidade, e cada uma delas pode ser boa, má ou indefinida.
Relembro que, não tendo dimensão, e vivendo nós num espaço tridimensional, as linhas de equipotência podem ter ideias a altitudes diferentes, o que aumenta em muito a sua implementação global. Além disso, mesmo sem ocupar espaço, definem-se as particulas por tamanhos, na proporção inversa à sua complexidade. As mais pequenas e simples particulas são na verdade as grandes ideias, as “brilhantes”.
Andando as ideias a passar por esse mundo fora, apenas é preciso que alguém as apanhe... e como se apanham as ideias? A resposta sugerida por esta teoria indica uma zona concreta do córtex cerebral hiper-sensível a estes impulsos, e com a capacidade de traduzir os conteúdos em línguagem verbal, apesar de algumas perdas resquiciais na tradução. As pessoas andam pela rua, e se tiverem o seu GCI [Glóbulo Cerebral Idiota] na direcção de uma linha de ideias, ao passar uma partícula, poderá adquirir os dados e processá-los de forma a trasformar uma ideia em algo concreto. No entanto, a ideia nunca fica cativa, continua na sua linha. O instante de contacto é suficiente para a transmissão/cópia da ideia, mas a partícula continua no seu rumo sem alterar as suas propriedades. Isto explica o facto de várias pessoas poderem ter a mesma ideia.
Para acabar a teoria em beleza, duas alíneas: primeiro, dizer que a capacidade cerebral das pessoas pode ser treinada, fazendo com que tenham acesso a mais ideias navegantes, colocando maior área do córtex sensível às partículas e predispondo os seus mecanismos de captação a estarem mais atentos. O brainstorming que muitos falam não é mais do que, em grupo, criar uma rede, aumentando a área de captação, partilhando os vários conteúdos que se detectam em navegação... A segunda, para dizer que as partículas estão paralelas ao espaco, sem massa nem dimensão, mas transversais ao tempo, pelo que têm prazo. Os próximos estudos desta teoria procuram provar a existência das particulas, e descobrir a origem e destino das ideias, como se geram... Em todo mundo há já... 1 pessoa a fazer esforços... mínimos, a desenvolver estes estudos.
Apenas como exemplo rápido, devo dizer que as rúbricas que tenho escolhido fazer neste nosso jornal foram frutos de encontros entre o meu GCI e algumas linhas de ideias. Isto prova que também é possível fazer-se muito mau uso de boas ideias (ou bom uso de más ideias, ou utilização diversa de ideias indefinidas). Outro indicação: “A.S.L” é o nome da partícula mais pequena que navega por este campo de ideias, a alta velocidade, e ao mesmo tempo, é das particulas que têm maior tempo de vida. Experimenta exercitar o teu GCI de modo a poderes receber esta ideia que, por navegar a tão grande velocidade, aumenta a probabilidade de ser captada por todos...