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A despropósito - Janeiro 2008

...por falar nisso, tenho reparado, e mais ainda, tenho sentido que o clima está a mudar. Tem estado frio, e muito, mas tem chovido pouco, o que me faz recordar as aulas de geografia do 8º ano, que me ensinaram a expansão do deserto do Sahara para norte e a desertificação da Península Ibérica. Este ano choveu tão pouco que eu fiquei mesmo a achar que já estava a decorrer esta [contra] invasão levada a cabo pelo continente africano sobre a Europa, em retaliação às sucessivas invasões que os colonos europeus têm perpetrado nos últimos 5 séculos... Estou consciente que eu não sou o único a ver isto... primeiro porque a teoria da desertificação da Península não é minha - e penso que também não é de Deus, porque nunca a li na Bíblia - logo, alguém a pensou, o que faz um total de uma pessoa com a mesma linha de raciocínio que eu. Depois acrescenta-se uma segunda que é do nosso ministro Mário Lino, que teve a capacidade de visão e a ousadia das palavras típicas dos génios fora do seu tempo, para ver que às portas de Lisboa, para lá do Tejo, já tudo era deserto, consumido pela ausência de recursos e excesso de areia (excepto na costa da Caparica). Consigo ainda pensar em algumas pessoas, não nomeadas, que também devem ter o mesmo pensamento: os organizadores do Rally Lisboa-Dakar, que fizeram a mais dura prova automobilística de deserto começar onde o mesmo deserto começa: em Lisboa! O pior de tudo é o fenómeno de ausência de águas pluviais que se tem feito sentir, mais concretamente a seca!... não só porque as culturas biológicas (quais são as outras?) ficam afectadas, não só porque a minha Central Urbana de Reciclagem de Papel fica sem poder trabalhar, não só porque se teria de adiar o Campeonato de Olhares Fixos, não só porque ficamos sem um dos bens mais essenciais à vida [a água, para que não restem dúvidas], mas porque se secam uma série de outros recursos, dois dos quais sinto necessidade de destacar: as ideias e as piadas. Primeiro, quanto às ideias, não é preciso nenhum génio para perceber que é preciso responder de uma forma audaz e criativa aos problemas novos que aparecem pela frente. Quando vamos por uma estrada e nos surge uma árvore caída a impedir a passagem, não é por fecharmos os olhos que ela deixa de estorvar... Mas as ideias, a criatividade das respostas que o nosso país tem dado, deixa a desejar... Depois as piadas... basta ver que o nosso povo, talvez devido à seca nos recursos financeiros ou na qualidade de vida, tem ficado sem graça... e vai daí, a juventude ressente-se, tal como as paredes do estúdio PZm, e fica seca... as piadas são secas, as anedotas são secas, as atitudes são secas, as contra-capas do Ouvi Dizer ficam secas... tudo numa secura... E uma vez que não se avizinham melhoras, e uma vez que «se não os consegues vencer, junta-te a eles», e uma vez que não há mais espaço para escrever esta crónica, vou-me dedicar à expansão de um novo reinado, já que por ideia de alguém se fez a piada (seca) dos cargos no reino dos Secos... Juntem-se a mim nesta demanda que grita pelas ruas «Vivam as piadas secas, vivam as anedotas do Ouvi Dizer... fora com as anedotas do Papagaio e outras tantas que perdem qualidades por terem de facto, graça!». Isto porque pelo menos nos dá uma luzinha, a do sorriso, para combater os dias difíceis que vivemos actualmente... nas crises económicas, nas crises socias, nas crises pessoais, e em tantas vertentes da vida que choramos, choramos muito, mas por dentro, porque as lágrimas, também elas, já secaram...

Sobre o autor

Viajar no tempo, até à altura em que escrevia coisas soltas, sem nexo, vindas lá do fundo do esgoto da minha adolescência e juventude... por vezes pode cheirar mal.

Sobre o leitor

Um perfeito desconhecido, amigo de longa data... uma pessoa 5 estrelas, amigo do amigo, devia abrir-se mais aos outros.