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A despropósito - Março 2008

...isso faz-me lembrar que no outro dia, vindo no meu ex-caminho semi-habitual do trabalho para casa, notei que à saída do metro se aglomeravam no chão os bilhetes já caducados que as pessoas deitavam fora de qualquer maneira a partir do momento em que já não precisavam deles. “Se fazem o mesmo com os familiares mais próximos, não há-de custar nada fazê-lo aos bilhetes inúteis de cartão”, pensei para mim, mas de repente, atingido em cheio talvez por uma ideia navegante, fui arrastado dos pensamentos filosóficos e teóricos no nível etéreo para a subcave da realidade mundana onde existem pessoas cujo emprego depende da falhas culturais no nosso povo. Lá está, o problema de ter um córtex cerebral activo sem qualquer controlo de raciocínios disparatados leva-me a mente para campos que não conheço, e onde a imaginação constrói fundamentos de opiniões que são no mínimo... vá... parvos... Abstraindo da minha educação e inteluti...intelctadi...intulictali... intalc.. tdade... ...esperteza, imagino os postos de trabalho que existem pelo simples facto de um cidadão que não querer ir a um restaurante onde é servido por um empegado porque é muito caro, mas vai antes a cadeias de comida rápida (velocidade discutível, já que está parada à mesma velocidade que o jantar que a mãe me costuma fornecer) onde fica numa fila para ser atendido num balcão para carregar um tabuleiro e procurar um lugar num conjunto de mesas tantas vezes partilhado com desconhecidos para depois, no final do degusto, poder com toda a pompa e circunstância deixar o tabuleiro nessa mesa e ir embora alegando que há pessoas para fazer aquele trabalho que podem ir para o desemprego devido à nossa atitude egoísta de arrumar o tabuleiro nos carrinhos destinados. Pois bem, esta preciosidade de emprego, que o nosso primeiro ministro tanto persegue, leva os muitos desempregados a lutar pelas poucas vagas de arrumadores de tabuleiros ou limpadores de bilhetes de metro, e quando a procura é maior que a oferta, aumenta o valor, como dizem os economistas, ou vai-se o humanismo, como dizem os... vá... parvos. E assim, gera-se uma máfia em volta do controlo destes postos de trabalho, e um mercado paralelo ilegal de exploração de algumas deficiências culturais, tal como o da televisão e o das drogas e alcoól. E nisto, dou comigo a pensar que, no que toca a este artigo, chega de ... vá... parvoíces! E farta das minhas parvoíces, a Metro de Lisboa decidiu calar-me e pôr os bilhetes recarregáveis em utilização. Muito bem! Mas o problema cultural nunca foi abordado. Continua a ser impossível haver em Portugal aquelas maquinetas em que se põe uma moeda e se retira um e um só jornal, porque o portuga tira todos os jornais para estragar ou tentar extorquir dinheiro (parecido com rapto, não é?). – A solução foi mesmo os jornais gratuitos, porque ninguém paga pela informação. Antes disso, bastava ler as capas dos jornais (que adicionado à internet e à televisão dava para perceber a história), tal como a leitura se resumia aos resumos de contra-capa dos livros nas livrarias. Quero com isto dizer que há algo de mal? Não, quero dizer que há coisas que são... no mínimo... parvas! E que ser feliz não deve nunca depender disso... deve depender da simplificação e dignificação de todas as coisas, de todos os momentos, celebrando-os como uma oportunidade única, que são de facto. E se não é todos os dias que temos consciência que estamos vivos e disponíveis para a felicidade, então que se faça festa e haja júbilo nos momentos em que um qualquer estalar de dedos nos acorda!

Sobre o autor

Viajar no tempo, até à altura em que escrevia coisas soltas, sem nexo, vindas lá do fundo do esgoto da minha adolescência e juventude... por vezes pode cheirar mal.

Sobre o leitor

Um perfeito desconhecido, amigo de longa data... uma pessoa 5 estrelas, amigo do amigo, devia abrir-se mais aos outros.