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O CAMINO - Capítulo IV: Tineo - Samblismo

Saímos do albergue, na zona central, e procurámos as indicações para retomar o #Camino. À primeira flecha, fizémos a oração, e depois desatámos a andar, no início a subir - o que era fácil prever pois Tineo fica quase num vale completamente rodeado de montanhas a perder de vista.
O António apanhou-nos um pouco mais à frente e novamente fez o caminho connosco. Graças a informação partilhada por ele, decidimos alterar ligeiramente o nosso plano inicial, e por isso, o nosso destino comum hoje seria o albergue de Samblismo. É uma povoação muito pequena, com um único albergue (privado - ligámos antecipadamente a fazer reserva), que fica numa bifurcação do #camino primitivo, que permite escolher a rota de La Pola de Allande, e a «Ruta de los hospitales», pela montanha. Esta pequena alteração aos planos virá a valer «ouro» no balanço da aventura.
A paisagem não trazia nada de novo, a conversa era mais profunda e a ânsia da etapa seguinte já gerava alguma excitação, pelo que quase nada me ficou na memória entre Tineo e Samblismo. Apenas a referência de passar em Borres, já no final da etapa, e de ver uma vending-machine metida numas paredes velhas, guardando para mim a ideia de ser o último ponto onde poderia comprar alguma coisa, antes de nos metermos pela montanha.
Chegámos cedo a Samblismo, o albergue ainda estava fechado, mas pudémos sentar-nos numa "esplanada" improvisada no quintal do albergue, isto é, no bosque que começava logo ali. Na espera, no silêncio da natureza, ouvi algum ruído por entre as silvas e fui descobrir dois pequenos lagartos coloridos à procura de uma pedra para apanhar sol.
Após a abertura do albergue, fizémos o check-in (C9) e escolhemos onde ficar, já que este albergue tem vários quartos com menor lotação, em oposição às grandes camaratas que temos visto noutros albergues. Durante a tarde fomos vendo chegar outros peregrinos. Pedi permissão para tocar com a guitarra que estava lá guardada, e logo se juntou uma malta à volta de músicas variadas à medida que a memória ia trazendo covers que pudessem ser conhecidos por todos.

Enquanto eu tocava e cantava, foram sendo feitos vídeos para partilhar nas redes sociais, o que me deixou desconfortával, mas adiante... vergonha alheia para quem se cruzar com tais conteúdos.
O jantar seria no próprio albergue, tal como o pequeno-almoço. Estas refeições comunitárias serviram para conhecer os peregrinos que partilharam o albergue connosco - três espanhóis e três alemãs - bem como o responsável pelo albergue, o Xavier (ou Javier?). Um dos peregrinos espanhóis acabou por se tornar numa das lições de vida deste #camino, mostrando a todos nós o que é a vontade de ultrapassar obstáculos e vencer desafios - lições essas que guardo como lucro desta grande aventura.
Antes de irmos todos para as nossas camas, o Xavier aproveitou para fazer uma pequena exposição sobre a dificuldade da etapa seguinte (quem pernoita em Samblismo é [quase] sempre um peregrino da rota de montanha). Feitos os avisos, houve tempo para vermos um vídeo gravado uma semana antes, na mesma rota que faremos amanhã. Espero que não seja nada parecido, pois o vídeo mostrava a montanha repleta de neve, e eu não trouxe equipamento para tanto frio, e além disso, percebe-se a existência de muito vento, quase no modo 'tempestade de neve', o que não permite ver grande coisa.
O saldo para este dia fica em 17.82 Km, agora é dormir!
Na continuação deste artigo, pode querer ler:

O CAMINO - Capítulo V: Samblismo - Berducedo

Sobre o autor

Alter-ego: ALCOR :: Procuro estar atento ao mundo, informar-me, ponderar uma opinião... mas entretanto alguém me gamou a password e consegue publicar cenas que eu, apesar de pensar, nunca diria da boca para fora, porque a minha mãe me educou para filtrar estas coisas e eu não a quero desapontar. As reflexões, opiniões e partilhas aqui publicadas não estão autorizadas a sair daqui. «What happens in vegas...»

Sobre o leitor

Um perfeito desconhecido, amigo de longa data... uma pessoa 5 estrelas, amigo do amigo, devia abrir-se mais aos outros.