O CAMINO - Capítulo IX: O Cádavo - Lugo
Paulo Almeida
09 / 05 / 2022
23:00

Lá vamos nós, mochilas às costas, antes de o sol nascer. Atravessamos a povoação e procuramos a primeira indicação oficial para fazer a nossa oração do peregrino. Depois é caminhar. A etapa de hoje assusta por ser das mais longas: serão mais de 30km, algo que até aqui ainda não fizémos.
O início era a subir, já o sabíamos. Subir até Castro Verde, onde fomos ao café beber uma Aquarius para re-hidratar. Um pouco mais à frente, parámos para comer as sandochas, junto a um cruzeiro e um cemitério - «vista para o futuro».

Quando passámos nessa zona, o caminho não passava no meio dessa povoação e não havia indicações nenhumas para o albergue, por isso fomos avançando, até que a ideia de seguir até Lugo se fixou, e assim acabámos mais uma etapa em conjunto. Relembrar que o conhecemos em Grado, caminhou connosco uma parte da etapa Salas-Tineo, e depois disso, fizémos praticamente todo o caminho juntos.



A chegada a Lugo, uma cidade grande, tem uma envolvente pouco interessante e por isso de pouco me lembro. A etapa «grande» foi feita em gestão de esforço, e por isso passei muito tempo a olhar para o chão. A água do meu cantil estava a acabar, pelo que já nos arredores da cidade meti conversa com um casal que estava no seu quintal a regar as plantas, para pedir um «refill», prontamente cedido.
Foi já dentro da cidade, para nossa surpresa, que passámos o «famoso» ponto do Km100. Faltam portanto 100 Km para o nosso destino. Este ponto está numa praça que exalta bem esse «milestone». Com o resto das forças, arrastei-me pela encosta acima, até ao centro da cidade que fica dentro de uma muralha. Entrámos pela porta de São Pedro, e o albergue era «logo ali»...


Em poucos minutos fizémos o check-in (C24) e largámos as mochilas. O resto do dia seria para conhecer a cidade, que é uma cidade bem bonita e antiga. No entanto, o meu corpo pedia descanso. Fomos almoçar por ali perto, e depois fui para o albergue dormir um pouco. Nesta altura estava com alguma tosse e senti-me um pouco febril. Ter visto nas notícias que havia uma nova estirpe de COVID nas Astúrias levantou alguma preocupação.
Ao final da tarde, acordei e fomos ao supermercado fazer umas compras para o jantar e para o dia seguinte. Depois fui explorar o que ainda era possível conhecer na cidade. A Catedral de Santa Maria já estava fechada, mas a Igreja de Santiago estava aberta, o que deu para mais um carimbo (C25). Explorámos uma pequena parte da muralha, as praças mais centrais que a esta hora se enchem de locais nas esplanadas.



De volta ao albergue, fomos preparar as sandes do dia seguinte e jantar qualquer coisa. Conhecemos uma senhora mais velha, holandesa, que tinha iniciado o seu #camino na holanda, em 2019, já percorrera França, e em Espanha teve de interromper por causa da pandemia, pelo que só agora iria completar a caminhada. Já havia feito parte do Camino do Norte, inflectindo depois para o #Camino Primitivo, onde nos encontramos.
Depois deste pequeno momento de jantar e conversa, fomos descansar.
O saldo para este dia fica em 30.31 Km, agora é dormir!
Na continuação deste artigo, pode querer ler: