O CAMINO - Capítulo VI: Berducedo - Grandas de Salime
Paulo Almeida
06 / 05 / 2022
23:00

Arrancámos, e junto ao primeiro marco que sinalizava o #camino, lá fizémos a oração, sendo que desta vez foi lançado o desafio ao António para se juntar a nós. Logo um pouco à frente, a Igreja de Berducedo... e depois o caminho parte para os montes onde, virando para trás, poderíamos ir assistindo ao nascer do sol. Uma pequena saída, uma dúvida, uma descida pela estrada, com vista para um monte encimado por um parque eólico. Procurámos uma mesa para tomar o pequeno almoço, mas não uma mesa qualquer. Era A Mesa, uma povoação onde parámos num pequeno banco para comer, e pouco depois entrámos num albergue com cafetaria para 1/3 de nós tomar café, e pedir mais um carimbo (C12). Dali, o caminho rapidamente se revelou como uma subida até ao topo do monte onde antes tínhamos visto todas as aquelas "ventoínhas". Conquistado esse topo, a descida do lado contrário revelava, primeiro, um mar de nuvens no vale abaixo de nós, para onde mergulharíamos. Depois disso, já teríamos a vista para o leito de um rio, com caudal bastante intenso, antevendo a existência de uma barragem.

Saímos dessa pausa para terminar a subida, passámos por um trilho no meio da floresta e chegámos a Grandas de Salime. Ainda foi preciso andar um bocado até ao albergue, mas lá chegámos e fizemos o check-in (C14).
De seguida, fomos em busca de um lugar para almoçar, e aparentemente era o mesmo restaurante para todos os peregrinos, pois por lá encontrámos toda a malta já «conhecida», nomeadamente o casal de italianos, os dinamarqueses e o americano, o casal de espanhóis, e outros tantos... Um restaurante bastante orientado para os peregrinos passantes, onde pedi mais um carimbo (C15) para a credencial.



Terminado o almoço, fomos visitar o Museu Etnográfico que foi uma surpresa muito agradável, pois tinha um espólio muito completo de memórias de outros tempos relacionados com a cultura Astur através do século XX, que é muito parecida com a nossa. Visitámos a capela, a barbearia, a oficina de alfaias agrícolas, o alfaiate, a loja, a escola, os correios, o dentista e a sala de operações, a oficina do sapateiro, o moinho de rio, a casa do cura, tantas memórias quase vivas de tempos que não nos são assim tão distantes. Merece uma referência aqui, e uma memória para a posteridade, com mais um carimbo (C16).
No caminho para o albergue, encontrámos a Steffi, num banco de jardim, e ficámos um pouco na conversa. Passou também o casal de franceses que havíamos visto em Tineo, e aproveitámos para conversar um pouco com eles, penso que ainda não tínhamos tido essa oportunidade.


A tarde ainda serviu para um pouco de conversa, para compras no supermercado, para lavar roupa, para ver a final de ténis na televisão, e para ir a correr carimbar a credencial (C17) no início da missa, só para descobrir que o horário da missa estava errado. O jantar foi uma petiscada - pulpo à galega - e depois disso só houve tempo para carregar um pouquinho o telemóvel e depois deitar.



Constatámos que no horizonte próximo, temos à vista o monte com o parque eólico - o mesmo que vimos à saída de Berducedo - e que não parece assim tão longe. Apesar de saber bem quantos quilómetros fizémos, não deixo de sentir que hoje não avançámos muito em direcção ao destino.
O saldo para este dia fica em 21.86 Km, agora é dormir!
Na continuação deste artigo, pode querer ler: