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Outra vez acordar e despachar para sair. A ideia era tomar o pequeno almoço no café, mas ao chegarmos, percebemos que iria demorar porque muitos peregrinos já enchiam o pequeno café e ocupavam a única pessoa que estava a atender. Uma vez que o café tinha um mini mercado na porta ao lado (com ligação interior, pois pertenciam ao mesmo dono), decidimos procurar algo no supermercado que permitisse fazermos umas sandes um pouco mais à frente na etapa.
Arrancámos, e junto ao primeiro marco que sinalizava o #camino, lá fizémos a oração, sendo que desta vez foi lançado o desafio ao António para se juntar a nós. Logo um pouco à frente, a Igreja de Berducedo... e depois o caminho parte para os montes onde, virando para trás, poderíamos ir assistindo ao nascer do sol. Uma pequena saída, uma dúvida, uma descida pela estrada, com vista para um monte encimado por um parque eólico. Procurámos uma mesa para tomar o pequeno almoço, mas não uma mesa qualquer. Era A Mesa, uma povoação onde parámos num pequeno banco para comer, e pouco depois entrámos num albergue com cafetaria para 1/3 de nós tomar café, e pedir mais um carimbo (C12). Dali, o caminho rapidamente se revelou como uma subida até ao topo do monte onde antes tínhamos visto todas as aquelas "ventoínhas". Conquistado esse topo, a descida do lado contrário revelava, primeiro, um mar de nuvens no vale abaixo de nós, para onde mergulharíamos. Depois disso, já teríamos a vista para o leito de um rio, com caudal bastante intenso, antevendo a existência de uma barragem.
Os caminhos percorridos, primeiro num caminho "pendurado" nos montes, depois um trilho no meio das árvores que serpenteava pela encosta abaixo, até à estrada que ia culminar na referida barragem. Claro que do outro lado, o que nos esperava era uma subida, bastante intensa, pela estrada. No meio da subida, parámos num hotel que tinha uma esplanada sobre a barragem, e aparentemente onde todos os peregrinos paravam, pois encontrámos uma mão cheia de conhecidos, como a Andrea e a Steffi (alemãs de Samblismo), o David, o casal de espanhóis, a Lili e o Gilberto. Atendidos em português, aproveitei para pedir mais um carimbo (C13).
Saímos dessa pausa para terminar a subida, passámos por um trilho no meio da floresta e chegámos a Grandas de Salime. Ainda foi preciso andar um bocado até ao albergue, mas lá chegámos e fizemos o check-in (C14).
De seguida, fomos em busca de um lugar para almoçar, e aparentemente era o mesmo restaurante para todos os peregrinos, pois por lá encontrámos toda a malta já «conhecida», nomeadamente o casal de italianos, os dinamarqueses e o americano, o casal de espanhóis, e outros tantos... Um restaurante bastante orientado para os peregrinos passantes, onde pedi mais um carimbo (C15) para a credencial.

Terminado o almoço, fomos visitar o Museu Etnográfico que foi uma surpresa muito agradável, pois tinha um espólio muito completo de memórias de outros tempos relacionados com a cultura Astur através do século XX, que é muito parecida com a nossa. Visitámos a capela, a barbearia, a oficina de alfaias agrícolas, o alfaiate, a loja, a escola, os correios, o dentista e a sala de operações, a oficina do sapateiro, o moinho de rio, a casa do cura, tantas memórias quase vivas de tempos que não nos são assim tão distantes. Merece uma referência aqui, e uma memória para a posteridade, com mais um carimbo (C16).
No caminho para o albergue, encontrámos a Steffi, num banco de jardim, e ficámos um pouco na conversa. Passou também o casal de franceses que havíamos visto em Tineo, e aproveitámos para conversar um pouco com eles, penso que ainda não tínhamos tido essa oportunidade.

A tarde ainda serviu para um pouco de conversa, para compras no supermercado, para lavar roupa, para ver a final de ténis na televisão, e para ir a correr carimbar a credencial (C17) no início da missa, só para descobrir que o horário da missa estava errado. O jantar foi uma petiscada - pulpo à galega - e depois disso só houve tempo para carregar um pouquinho o telemóvel e depois deitar.

Constatámos que no horizonte próximo, temos à vista o monte com o parque eólico - o mesmo que vimos à saída de Berducedo - e que não parece assim tão longe. Apesar de saber bem quantos quilómetros fizémos, não deixo de sentir que hoje não avançámos muito em direcção ao destino.
O saldo para este dia fica em 21.86 Km, agora é dormir!
Na continuação deste artigo, pode querer ler:

O CAMINO - Capítulo VII - Grandas de Salime - A Fonsagrada

Sobre o autor

Alter-ego: ALCOR :: Procuro estar atento ao mundo, informar-me, ponderar uma opinião... mas entretanto alguém me gamou a password e consegue publicar cenas que eu, apesar de pensar, nunca diria da boca para fora, porque a minha mãe me educou para filtrar estas coisas e eu não a quero desapontar. As reflexões, opiniões e partilhas aqui publicadas não estão autorizadas a sair daqui. «What happens in vegas...»

Sobre o leitor

Um perfeito desconhecido, amigo de longa data... uma pessoa 5 estrelas, amigo do amigo, devia abrir-se mais aos outros.