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Ano astronómico 2020

Estive durante algum tempo desligado destes assuntos da astronomia, que sempre gostei e segui com interesse, mas o ano de 2020, tendo sido um ano manhoso para o nosso planeta e a nossa sociedade, foi um ano grande para as estrelas e afins: Fomos visitados pelo cometa NEOWISE, visível a olho nú, o que já não me acontecia desde 1997... Houve um eclipse solar na américa do sul, cujas imagens na internet me fizeram relembrar a «corrida» que fiz em 1999 para ver um destes em Estrasburgo. Houve uma conjunção planetária como eu nunca tinha visto (e na verdade também não a vi muito bem) com Júpiter e Saturno, numa 'luta' de gigantes planetários, a sobreporem-se no início da noite. E nem vou falar dos avanços que se têm visto durante este ano na nova corrida espacial, desta vez alavancada por privados, e que tem dado tantas notícias com perspectivas de uma iminente nova era de exploração espacial. O cosmos voltou a estar na minha ordem do dia. Deste meu interesse antigo vem a inspiração para este blog, que não falará somente sobre esta temática, mas tem o seu nome e a sua interface definitivamente inspirados naquela que é a minha mais antiga paixão.

2020-odisseia-informática

Este ano a maior parte das conversas que tive relacionadas com tecnologia, dedicaram-se ao C# (C-sharp, não C-hashtag) Sim, a minha raíz de programação é o PHP. Sim, o PHP fez este ano um lançamento importante da sua versão 8. Sim, o meu ambiente de desenvolvimento anda à volta do Laravel. Sim, o Laravel também fez este ano o lançamento da sua versão 8. Sim, eu sou completamente ignorante em relação ao C# em particular, e mesmo em relação a .NET, e até sobre tecnologia de desenvolvimento Microsoft... Sim, não tem nada a ver, mas assim foi este ano. Por um lado, estou numa equipa cujas competências são dispares, portanto não há grande oportunidade de falar sobre aquilo que há de novo na MINHA tecnologia. Por outro lado, estive a maior parte do ano em casa, onde não há muito espaço para conversas destas... para terminar, um amigo começou a estudar nesta área, o que desencadeou várias conversas mais teóricas sobre a programação, e outras mais práticas sobre as possibilidade que se abrem a quem sabe programar. Estas conversas levaram muitas vezes a pequenas dúvidas que eu procurei explicar de forma metafórica, em jeito de ajuda, mas que também me fizeram perceber melhor o tamanho do caminho que já está atrás de mim. Eu, que sou programador há 15 anos, mesmo sentindo que não sei muito, nem sou um grande teórico na área, percebi ao explicar conceitos mais elementares que quem está agora a entrar neste mundo tem muito para percorrer, para aprender. Bolas, eu próprio ainda tenho muito para aprender e já ando nisto há tanto tempo («i'm not a smart man»). Olhando novamente esse caminho já calcorreado, percebendo todos os obstáculos e desafios que ultrapassei, ocorrem-me duas conclusões: 1) Os obstáculos de facto fizeram-me crescer, e devo desejar por mais desafios no futuro para poder melhorar, em vez de procurar uma planície calma e confortável para descansar e eventualmente estagnar. 2) Que bom é poder fazer carreira numa coisa que se gosta de facto de fazer. Espero que 2021 me mantenha no ponto 2), trazendo-me o suficiente do ponto 1) para me sentir cada vez mais realizado.

Maior desafio da minha vida

O maior desafio da minha vida é, definitivamente, ser Pai. Por várias razões, mas destacando a minha não-aptidão natural para lidar com crianças, somada à minha aptidão natural de não assumir responsabilidades. As duas filhas crescem rapidamente, e eu não tenho pedalada nem para o ritmo de crescimento nem para as pilhas de energia que elas debitam em casa. E é assim que de vez em quando páro e penso no que eu sou para elas, no que eu devia ser... e cá longe no fundo deste texto, solto a inconfidência das minhas dúvidas que me assaltam constantemente com a pergunta «Será que eu estou preparado para 2021?»

Mais uma voltinha

Falta pouquinho para o meu aniversário... preparo-me todos os anos para colher os frutos que semeei, ao não ligar grande coisa aos aniversários dos outros, sempre à espera de ver quando é que passo um aniversário sozinho... mas depois, acabo sempre por lutar contra isso e marcar uma festa, com montes de gente e comida... Já repararam como as festas de aniversário evoluem? Quando somos bébezinhos, são os pais e os avós e os tios e tias e os primos e os padrinhos que fazem uma festa, arranjam umas decorações pirosas, põe um chapelito de papel na cabeça do infante e tiram fotos para mais tarde recordar, como que a dizer «Olha esta foto em que tu estás a fazer uma figura triste e nem sequer podias fazer valer a tua opinião»... São daqueles episódios que tememos ouvir as nossas mães contar aos amigos e parentes. Depois temos as festas das crianças, mas daquelas que já têm alguma palavra a dizer: já escolhem os amigos a convidar (sem deixar de haver montes de gente adulta e chata), já preferem o bolo com o «dragon ball» em vez do «winnie the poh» (winnie não é suposto ser salsichinha?) e até já duram bem mais do que os 30 minutos das festas dos bébés. São normalmente lanches daqueles que têm as sandes de pão de forma cortadas em triângulos, uns poucos pastéis de nata em miniatura, que acabam depois de 5 minutos de festa. há montes de prendas e montes de barulho e o aniversariante (normalmente mimado e mal educado) lucra a potes pela competição dos adultos de oferecerem a prenda mais vistosa! Fica ainda a perder pela repetição do flagelo: «Ó Paulo, já cumprimentaste a tia Laurinha? Estava agora a contar daquela vez que tu nos teus anos decidiste matar a sede às escondidas a beber do frasco de óleo de cedro!» > Mãe, eu tenho 28 anos! Sou um tipo minimamente normal, com uma vida promissora, uma carreira cheia de potencial e uma namorada lindíssima com quem quero formar família! Por favor, peço: páre de contar as histórias de quando eu levava porrada do Renato na primária, ou de quando eu fiz chichi nos calções durante uma aula, ou de quando comi as folhas da planta do alpendre... já foram trauma suficiente há 20 anos, quando aconteceram!! Depois passam para a adolescência a querer mudar as coisas, mandar no assunto. Marcam jantares em restaurantes, com os amigos (escolhidos de uma forma mui selecta com 3 critérios: «Eu gosto da sua presença?», «Vai estragar-me a festa?» & «Ele convidou-me para o seu aniversário?») com dois pratos à escolha (e o que eu prefiro está sempre esgotado). São adultos suficiente para irem sem a família atrás, mas dependentes ainda das boleias para irem para o local, às 19h30, e para voltarem para casa, às 23h30. Já na juventude, passam a ter uns componentes mais requintados: jantam fora, também, mas aquilo que quiserem comer; já vão em carros próprios, de alguns dos mais velhos que já têm a carta, e começam a convidar de uma forma mais abrangente (alguns, no limite da abrangência, convidam toda a gente); demoram-se mais tempo e regra geral há sempre um plano nunca bem estruturado do tipo «tinha pensado irmos beber um copo... não sei onde...» para o depois, noite adentro. Depois começamos a ficar velhos e chatos, e as ideias de festejar mudam: um plano mais caseiro, com os melhores amigos de sempre, com uma petiscada e uns jogos de tabuleiro... Algumas vezes, preferimos até ir sozinhos para fora... Chegando à chamada maturidade, as nossas festas são com a família: os pais e os filhos, os irmãos e suas famílias... poucas prendas, geralmente roupa, um bolo encomendado por alguém que nos ajudou a preparar tudo. Depois voltamos às festas de aniversário fora das nossas mãos, em que são os filhos ou outros familiares que dizer onde vamos almoçar, onde vamos festejar, que escolhem os convidados... parece as festas da infância, excepto na parte em que ignoramos os convidados para podermos ir brincar para cima da árvore do quintal... até porque não conseguiríamos subir a árvore com a bengala. Vista a evolução das festas, falta dizer que, sem ser inserida na cronologia pré-estabelecida, há sempre, na nossa vida, uma festa surpresa, uma bebedeira ou uma prenda que nos envergonha... E eu acho que é para a semana que vou ter as 3!!



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Sobre o autor

Talvez tenha demasiado tempo livre, e invente por 5 pessoas diferentes... pelo menos não ando nas drogas. E não, não sofro de esquizofrenia!, embora tenha muitas faces diferentes... Tenho uma paixão por astronomia, um forte interesse por informática, um perfil para (não) ser pai, uma família «out-of-my-league», uma visão distópica da sociedade, uma mania que tenho piada, uma educação conservadora, uma introversão crónica acentuada, um sonho de ser aceite.

Sobre o leitor

Um perfeito desconhecido, amigo de longa data... uma pessoa 5 estrelas, amigo do amigo, devia abrir-se mais aos outros.