... e já que me interromperam com esta questão menor do espaço disponível para escrever o artigo do mês de Maio, ligo os textos com o meu espaço de Junho para me centrar (talvez não) nesta pergunta que tanto ressoa, como um sino, dentro da minha cabeça (não, não é por ser oca...): O que é que nos liga?
A resposta é fácil: É o Pai no Seu Amor, é Cristo no seu exemplo, é o Espírito na sua presença. É Deus que nos une, ainda que os tempos por vezes sejam autênticas areias atiradas aos olhos. E porque pegar num tema e escrever um texto que em nada está relacionado vem tão a despropósito como amar a Deus e ser humano, como olhar a perfeição e continuamente contentar-me com o que sou...
...esta rúbrica vai acabar - como me fartei de referir no artigo da última edição - e por uma razão única e simples, à parte de todas as complicações da vida: esta coluna e o seu autor não têm aqui lugar. Pessoalmente, estou ligado a este jornal há muito tempo, da mesma forma que estou ligado a inúmeras coisas na nossa comunidade paroquial, e o tempo ensina-nos a ver as coisas com outros olhos...
-Ensinou-me que quando estou a escrever as coisas na abordagem mais parva possível, com o objectivo de fazer rir, o resultado é geralmente demasiado sério... e se tento escrever de forma séria, falada ao coração, então o resultado é simplesmente ridículo... e se tento escrever com outro intuito qualquer, o resultado é sempre longe do pretendido porque não domino a forma de escrever um pensamento, um sentimento...
-Ensinou-me a viver em função de um ideal, vivendo a minha própria vida... por momentos essa minha vida foi razão para levar alguém a aproximar-se, por vezes foi razão para afastar... mas o momento em que me preocupei com essa interpretação foi o momento exacto de vazio na minha fé, que me fez não focar no essencial...
-Ensinou-me que os caminhos são difíceis e ainda assim saborosos, e que ninguém tem um caminho perfeito, e que ninguém chega a Deus sem realmente ter vivido e experimentado a dor da entrega, da perda, da queda pelo chão...
-Ensinou-me que nunca se deve alongar demasiado um artigo de jornal.
O regresso às origens é como o relembrar qual a meta do caminho quando as pedras nos distraem... O «Ouvi Dizer...», apesar das dificuldades, enveredou por um caminho de regresso às origens... à simplicidade, à dedicação verdadeira, sem obrigações, ao projecto real de trabalho jovem... Gosto de ver a “malta” a dar o litro... de uma forma egoísta, dá algum sentido à minha vida...
SOMOS jovens, jovens que fazem a Igreja e o Mundo, que são movidos não pelas folhas de papel de um jornal, mas pela mensagem que transborda dos nossos corações para os seus artigos. Acreditem que não importa assim tanto a correcção ortográfica, a poesia e a simetria da prosa, o profissionalismo do aspecto gráfico, a perfeição dos desenhos. Acreditem que não é tão importante a afinação como o é a energia e o empenho, acreditem que não é tão importante a instituição de nomes e grupos como o é a verdadeira vivência, acerditem que não é tão essencial a eloquência dos discursos como o é a convicção de acreditar, com todas as forças. Porque nós, jovens (sim, NÓS, Jovens) temos dasafios cada vez maiores em mãos, e não é o planeamento conciso e preciso das respostas que nos vão fazer ultrapassar as barreiras: são as energias e a coragem, a ousadia e a convição, a força e a certeza de não nos querermos acomodar ao que o mundo nos sussurra em voz de cantiga de embalar.
Temos actualmente um desafio simples: sermos capazes de parar, pensar, rezar... olhar para dentro, procurar respostas e sentidos... mesmo que tudo à nossa volta chame por nós, como os jogos de (FORÇA) Portugal, como as greves dos camionistas, os aumentos dos combustíveis, os concertos de verão... Sê capaz de mandar em ti, de parar a corrente e andar por convicção em vez de andar por arrasto ou de andar por andar. Eu quero, de certa forma, partir de onde estou para regressar... e sabe bem estar de volta, unir-me ao que sempre foi parte de mim... O que nos une é Deus, que é a razão de vivermos plenamente as nossas vidas por Amor! É a Ele que eu regresso...