A despropósito - Maio 2008
Paulo Almeida
15 / 05 / 2008
09:10
in «Ouvi dizer...», Maio 2008
E agora que falas nisso, ocorreu-me que se calhar esta rúbrica acabou. Depois de abordar assuntos tão proeminentes e tão ligados às temáticas propostas, penso que agora é hora de terminar, poupando os incautos leitores de ideias tão profundas quanto... vá, estúpidas. Acaba-se esta rúbrica, quase vazia, mas não morta, pois há sempre conversas a manter, a propósito e a despropósito. O principal argumento para este final relaciona-se com o autor, já que a pessoa que imaginou o conceito é uma pessoa ligeiramente diferente daquela que está agora a escrever. E não estou a falar de me sentir (7 meses) mais velho, mas sim de ter uma visão completamente alterada, diferente daquela que jo ga va com “O mundo nas mãos”, diferente da que proclamava o “Espaço”... tudo tem o seu tempo, e o despropósito também...
E ao arrumar as suas bagagens, no cliché de alguém que deixa o escritório e enche uma caixa de cartão com as suas bugigangas, a rúbrica encontra em cima da mesa alguns rascunhos de ideias para aproveitar nestas dissertações. Ideias que surgiram num qualquer vaip fulminante, ideias parvas, secas que por alguma razão se mantiveram na minha mente e ao alcance do meu olhar, aquele que perfura e perscruta cada outro ser, e de disseca os temas com a habilidade cirúrgica de um rinoceronte cego e com febre tifóide numa jangada. Temas como as licenciaturas, que este mês são/foram solenemente assinaladas com a bênção das fitas e a queima dos finalista (ou bênção dos finalistas e a queima das fitas?), ou então a forma como o futebol move o país, ou simplesmente como as relações humanas são as teias mais complexas que existem e nós sem nos apercebermos estamos enredados, e que olhar alguém nos olhos com compaixão ou trocar uma palavra de esperança são autênticas bombas de energia de Vida, e que tantas vezes não sabemos usar.
E tudo isto são coisas que vão ficando empilhadas numa caixa, juntamente com a caneca do café e a moldura com a foto de família que ajudou a inspirar os momentos mais secos que o normal. Este é o tempo de arrumar as coisas. Porque o tempo passou e a história da vida se altera, e mudam as estações do ano e mudam os desafios, arrumo agora tanta coisa que tinha espalhada pelas mesas e prateleiras, arrumos as memórias, arrumo os sonhos e desejos, arrumo o meu quarto e o meu mundo, porque não há nada a dizer quando não nos encontramos a nós próprios, perdidos no meio de tanto lixo que acumulamos. E porque sou uma pessoa diferente, mais maduro (ou velho), mais calmo (ou seco), vejo com clareza que este espaço não tem mais sentido, a clareza de um gato assustado remelado de conjuntivite, com a cabeça enfiada num sapato, a correr por uma discoteca algarvia em pleno verão (que raio é que se passa com as minhas visualizações??): é hora de sair... E anunciado o fim, deixo-vos o tema da minha última reflexão: o que é que nos liga?
E para falar sobre isto, tenho uma opinião convidada que... como? Tempo? Ah?.. er.. hmmm parece que... estão-me a fazer sinal que não vai ser possível, pois acabou-se o espaço/tempo no nosso jornal... portanto, sem ter dito nada de importante nestas 580 palavras, bem tentei que fosse algo maior a falar por mim... e assim, fica adiado em mais um mês o meu silêncio. Falo sobre o assunto na próxima edição que nesta já não há